O Buldogue Francês

 

  PADRÃO COMENTADO DO BULDOGUE FRANCÊS 

COM ABORDAGENS PARA JULGAMENTO E CRIAÇÃO

 

Traduzido a partir da versão do Club Bouledogue Francese Italia 
copilado do original em Francês do Club Du Bouledogue Français

 

Tradução e revisão: Enrique Graziano e Luiz Tiradentes

 

A CABEÇA

Cabeça - Muito forte, larga e quadrada; a pele que a recobre forma pregas e rugas quase simétricas. A cabeça do Bulldogue Francês é caracterizada pela retração da zona maxila-nasal, sendo assim o crânio ganha em largura o que perdeu em comprimento.

                                          

REGIÃO CRANIANA

Larga, quase plana, com a testa muito convexa. Arcadas superciliares (sobrancelhas) proeminentes, separadas por um sulco sagital particularmente desenvolvido entre os olhos; o sulco sagital não deve extender-se sobre a testa.
Crista occipital muito pouco desenvolvida.

Stop - Profundamente acentuado.

Orelhas - De comprimento médio, largas na base e arredondadas na ponta. Inseridas no alto da cabeça, não muito próxima uma da outra e portadas eretas. A abertura da concha acústica é voltada para a frente. A pele deve ser fina e macia ao toque.

Pescoço - Curto, ligeiramente arqueado e sem barbela.

Olhos - Expressão alerta, de inserção baixa, bem distante da trufa e principalmente das orelhas, de cor escura, bem grandes, bem redondos, ligeiramente protuberantes, sem deixar aparente qualquer traço de branco (esclerótica) quando o cão estiver olhando para a frente. A borda das pálpebras deve ser preta (obrigatoriamente preta).

                                        

 

REGIÃO FACIAL

Trufa - Larga, muito curta, arrebitada, com narinas bem abertas, simétricas, e inclinadas obliquamente para trás. A inclinação das narinas assim como a trufa, arrebitadas, devem todavia permitir uma respiração nasal normal.

Focinho - Muito curto, largo; apresenta pregas centrais, simétricas, que descem sobre os lábios superiores (o comprimento é proporcional – aproximadamente / por volta - a 1/6 do comprimento do crânio).

Lábios - Espessos, um pouco soltos e pretos. O lábio superior junta-se uniformemente com o inferior de modo a esconder completamente os dentes, que jamais devem estar visíveis. O perfil do lábio superior é descendente e arredondado. Nunca se deve ver a língua quando a boca estiver fechada.

Bochechas - Os músculos das bochechas são bem desenvolvidos mas não salientes.

Maxilares - Largos, quadrados e poderosos. A mandíbula forma uma curva ampla, projetando-se à frente dos maxilares. Com a boca fechada, a proeminência da mandíbula (prognatismo) é moderada pela curvatura dos ossos mandibulares. Essa curvatura é necessária para evitar uma projeção excessiva da mandíbula (cães com dentes a mostra). Os incisivos inferiores não devem jamais estar atrás dos incisivos superiores (cães egnonatas). A arcada dos incisivos inferiores é arredondada. Os maxilares não devem apresentar desvios laterais e nem torção mandibular.

 

O PROGNATISMO

Definição - O prognatismo é uma distrofia, que ocorre na formação do esqueleto, da mandibula em proporção ao maxilar superior, ou mais simplesmente, a mandibula é maior que o maxilar superior onde os incisivos e os caninos inferiores, ficam à frente dos incisivos e caninos superiores.

Limites do prognatismo - Se tem um prognatismo mínimo quando todos os incisivos inferiores não estão em contato e estão à frente dos incisivos superiores (prognatismo normal). Se tem um prognatismo máximo permitido até que os incisivos não estejam visíveis quando a boca estiver fechada (boca fechada sem dentes aparente).

Formas de prognatismo -
No sentido horizontal: visto pela frente, a arcada dentária onde estão implantados os incisivos e caninos deve ser retilínea. os incisivos estejam implantados um ao lado de outro sem importantes acavalamentos; uma arcada dentária muito arredondada poderá acentuar o prognatismo dando uma expressão errônea.
No sentido vertical: a mandíbula é curvada em forma côncava, por isso a extremidade da mandíbula fica à frente do maxilar superior com um efeito arredondado; os incisivos inferiores escondem os superiores. Um desvio da mandíbula pode interferir com um bom prognatismo.

 

DEFEITOS DO PROGNATISMO

- A forma e o tamanho da mandíbula são responsáveis.

Mandíbula muito curta: os incisivos inferiores estão retraídos em relação aos superiores (mordedura em tesoura). Os incisivos superiores tocam aqueles inferiores (mordedura em torquês).

Mandíbula muito longa: os dentes ficam visíveis com a boca fechada (prognatismo excessivo).

Mandíbula muito plana: o osso mandibular é plano ao invés de ser côncavo; não hávendo uma oclusão completa da boca, a língua passa entre os dentes.

Conclusão - Para se julgar um proggnatismo é suficiente levantar os lábios superiores mantendo a boca fechada. Se os incisivos inferiores esconderem completamente ou em parte os incisivos superiores, então o prognatismo é bom. Não tem importância se o prognatismo é marcado ou leve, basta que seja correto.

 

PERFIL DA CABEÇA

Definição - O perfil da cabeça do Bulldogue Francês é definido por uma linha reta, tangente ao queixo, à trufa e à testa, ligeiramente inclinada formando um ângulo de 60o com a horizontal. Esta inclinação (lay-back) é devida a retração da trufa e a conseqüente lógica de um stop marcado e de um focinho curto.

 

Perfil da testa correta - para se visualizar o perfil da cabeça é suficiente posicionar a palma de nossa mão aberta, inclinada a 60º na frente do rosto do exemplar; o perfil estará correto quanto a mão tocar a testa, trufa e queixo.

DEFEITOS DO PERFIL DA CABEÇA

Os defeitos derivam principalmente da falta de alinhamento dos 3 pontos ou da falta em relação a inclinação. A representação gráfica nos ajudará a compreender a causa do defeito.

1) defeito de alinhamento, é devido à mudança de um dos parâmetros.

a) o perfil é côncavo (Buldogue hipertípico)

                                                                                                                                                                                                                


b) o perfil é convexo (Buldogue hipotípico)

                                            

                                                

                                            

 

2) defeito de angulação, é devido à mudança de dois parâmetros.

                                                                                            

                                            

 


Conclusão - Se a cabeça do Bulldogue Francês é deste modo caracterizada, deve-se sobretudo a seu perfil. É preciso entretanto manter uma linha correta, sem buscar o hipertipo que nos trás problemas de saúde muitas vezes irremediáveis.

 

A TRUFA

Definição - Larga, muito curta, arrebitada, com narinas bem abertas e simétricas, inclinadas obliquamente para trás.

A trufa de Bulldogue Francês, mesmo sendo curta, deve ser suficientemente larga com narinas amplas e com um sulco central sutil e bem definido que os separa. Narinas amplas são essenciais para a saúde de todas as raças de canal nasal (focinho) retraído / curto, isso para que uma quantidade suficiente de ar possa entrar facilmente aos pulmões, sem nenhum esforço.

                                        

 

A MANDÍBULA

Definição - A mandíbula forma uma curva ampla, projetando-se à frente dos maxilares. Com a boca fechada, a proeminência da mandíbula (prognatismo) é moderada pela curvatura dos ossos mandibulares. Essa curvatura é necessária para evitar uma projeção excessiva da mandíbula (cães com dentes a mostra).

Não é suficiente para um Bulldogue Francês ter uma mandíbula possante - a maioria tem; o importante é a curvatura. A curvatura da mandíbula deveria iniciar da junção dos dois lados da cabeça e desenvolver-se em um movimento semi circular, alcançando seu ponto mais baixo entre a articulação e a parte central anterior. Em direção a sua extremidade, a curva deveria ser mais acentuada, alcançando o maxilar de modo a esconder os dentes quando a boca estiver fechada.
Pode-se examinar a curvatura tocando os ossos da articulação com o crânio até o meio da boca.

Defeitos da Mandíbula - Os defeitos mais comuns na estrutura da mandíbula são: muito reta, muito curta, muito estreita, falta da curvatura em direção a sua extremidade; um outro defeito é a terminação em ponta, que afina o focinho.

                                        

 

ORELHAS

A orelha é uma das características essenciais do Bulldogue Francês; sem conchetomia, ela é naturalmente ereta, característica pouco comum nos molossoides.

A forma, o tamnho e a inserção o qualificam como orelha de morcego. Em relação a isso, deve-se lembrar o esforço dos primeiros criadores da raça que lutaram no final do século XIX e início do século XX para conseguirem o reconhecimento, apesar das rígidas interpretações do padrão.

História - o Bulldogue toy, antecessor do Bulldogue Francês possuia as orelhas não eretas, em concha ou em rosa, sendo dobradas a frente logo acima da base com a ponta voltada para fora, é evidente que a transformação da orelha não ocorreu de um dia para outro, mas durou cerca de vinte anos e os padrões são prova disso.

Padrão de 1888: a orelha é em concha, mas se diz que exemplares com orelhas eretas são julgados em uma classe especial.

Padrão de 1896: é reconhecido a orelha ereta, não cortada, definida como de morcego e orelha de concha não é mais aceita.

Padrão de 1898: a orelha ereta é a mais comum e orelha em concha é qualificada como inadmissível.

Padrão de 1932: a orelha de morcego é definitivamente adotada por todos os países e não é mais mencionado orelha em concha.

Na última década do século XIX teve quem estivesse contra e a favor da orelha ereta; os Franceses as adotaram rapidamente e deste modo os Americanos que também queriam uma orelha ereta e sem corte, tanto que exaltaram em 1897 um cão importado da França que tinha as orelhas de morcego. Ao contrário, os Ingleses deram trabalho para aceitar este tipo de orelha, tanto que ainda em 1909 ainda era penalizado em exposições e somente em 1910 os Boule com orelhas eretas puderam triunfar às primeiras colocações.


Anatomia - A cartilagem da orelha do Bulldogue Francês é grossa e muito rígida, as cartilagens moles ou dobradas não são aceitas. A musculatura tonica sustenta a concha auricular ainda precocemente, e não é raro de presenciar filhotes com 4 ou 5 semanas de vida com as orelhas perfeitamente eretas. A pele é sutir, recoberta por um pêlo macio e fino.

Definição - De comprimento médio, largas na base e arredondadas na ponta. Inseridas no alto da cabeça, não muito próxima uma da outra e portadas eretas. A abertura da concha acústica é voltada para a frente. A pele deve ser fina e macia ao toque. Os defeitos podem ser pelo comprimento, pela forma, pelo porte e inserção; defeitos eliminatórios são orelhas não eretas e orelhas artificialmente sustentadas por conchotomia ou próteses.

a) comprimento: o comprimento é definido como médio e isso ocorre quando a orelha dobrada pra frente toca a extremidade superior do olho.

                                           


A orelha será será considerada comprida quando superar a comissura da pálpebra (veja o velho tipo do Bulldogue).

                                        


A orelha é considerada curta quando chegar ao nível da testa sem tocar no olho; a razão de se preferir orelhas curtas é devido à maior facilidade da orelha ficar em pé, entretanto é um desvio do tipo.

                                        


b) forma: larga na base e arredondada na extremidade, o orifício auricular deve estar inteiramente visível.

                                         


O defeito mais comum é relativo a extremidade superior em ponta e não arredondada.

                                         


c) inseridas: porte e inserção das orelhas estão estreitamente relacionadas entre si; geralmente a inserção é alta sobre o crânio e forma uma divergência de cerca de 25º em relação a vertical; se colocássemos esta medida num mostrador de relógio, seria 11:05h.

                                         


Se a a inserção estiver muito alta sobre o crânio, a divergência será zero, criando um ângulo igual a zero em relação a vertical.

                                         


Ao contrário, se a inserção for muito baixa em relação ao crânio, a divergência será muito acentuada, dando a impressão de uma cabeça bovina.            

                                         


Concluindo, visto que o Bulldogue Francês é portanto uma raça antiga, que soube manter até os dias de hoje a sua morfologia originária, como sua orelhas de morcego, seria por bem preservar as características para o futuro.

 

OLHOS

O Buldogue Francês tem uma expressão alerta, viva, expressiva e especialmente travessa. Por ter um focinho quase plano, os olhos posicionados próximos ao nariz, o Bulldogue parece ter um rosto humano e os olhos bem abertos e brilhantes reforçam esta expressão.    

                                        

Anatomia - A região do olho compreende a arcada supraciliar, as pálpebras e o globo ocular.

a) Arcada supraciliar é a base óssea ao redor das fossas orbitais em continuidade com a parte da testa acima do olho; é uma região muito pronunciada, arredondada, mas não saliente.

b) As pálpebras são os elementos de proteção dos olhos; a pálpebra superior e a pálpebra inferior se juntam no nível das comissuras palpebrais (ponto de junção): a comissura interna é chamada de nasal, enquanto que a externa é chamada de temporal. A abertura palpebral define a forma do olho, como direção, dimenção e forma; a terceira pálpebra ou membrana nictitante está posicionada no ângulo nasal da abertura palpebral, onde as margens devem ser pigmentadas.

                                        
c) do globo ocular, são visíveis a pupila preta, a íris e as vezes a esclera, de cor branca pérola, que contorna a íris; as variações envolvem a cor da íris.

                                        


Definição - Expressão alerta, de inserção baixa, bem distante da trufa e principalmente das orelhas, de cor escura, bem grandes, bem redondos, ligeiramente protuberantes, sem deixar aparente qualquer traço de branco (esclerótica) quando o cão estiver olhando para a frente. A borda das pálpebras deve ser preta.

Os pontos essenciais são a posição, a forma, o tamanho, a cor e a expressão.

a) A posição: os olhos são inseridos baixos em uma linha imaginária tangente passando pela parte inferior da pálpebra e pela parte superior da trufa. Em relação ao nariz, o ângulo nasal das pálpebras se encontra a uma distancia quase igual a largura do próprio olho, enquanto que o comprimento da orelha define a distância entre o ângulo temporal das pálpebras e da base da orelha.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        


Os defeitos da posição dos olhos são olhos muito próximos e olhos muito distantes entre sí.

Olhos muito próximos são conseqüência de um posicionamento muito baixo dos mesmos e se encontram em cães com stop muito acentuado, da trufa muito arrebitada e de focinho muito curto, ou seja, em exemplares hipertípicos.                                                                                            
                                     
Olhos muito distantes são conseqüência de um posicionamento muito alto dos mesmos, são atribuídos a uma arcada superciliar (sobrancelhas) pouco desenvolvida, testa pouco desenvolvida e stop pouco marcado, características da falta de tipicidade da raça; observa-se com frequencia a forma do olho menos arredondada e com olhar triste.


                                    

b) A forma: a abertura palpebral é redonda, tão larga quanto comprida e corresponde a quase toda a superfície da íris, por isso o olho parece ligeiramente protuberante, e não globoso. Os defeitos são: olho muito pequeno, olho globoso e olho amendoado.

Olho muito pequeno ocorre quando as pálpebras são pouco desenvolvidas, de abertura limitada e com a superfície da íris pouco visível.

                                    


Olho globoso parece não ter epaço suficiente nas órbitas; não só é visível toda a superfície da íris, como também é visível o branco da esclerótica quando o cão estiver olhando para frente; este defeito é percebido quando o cão está em repouso, e as vezes somente quando está excitado.

                                    


Olho amendoado é quando a altura do olho é quase a metade da largura.

                                    


c) A pigmentação: por pigmentação se compreende a cor da íris e a pigmentação das pálpebras.
A cor da íris é escura: geneticamente são três os alelos em ordem de dominancia: o marrom escuro , o avelã (cor inter mediária) e o amarelo; entre estes alelos não existe uma dominância completa, portanto todas as nuances são possíveis, geralmente se encontram cores entre o marrom escuro e o avelã, enquanto que o amarelo pode ser encontrado, mas não é absolutamente desejado.

A cor dos olhos está intimamente ligado à cor da pelagem: os mais escuros terão olhos tendendo ao marrom, enquanto que os mais claros terão os olhos tendendo à avelã. A cor azul é uma despigmentação parcial ou completa de um olho ou de ambos e é um defeito de desclassificação.

As pálpebras devem ser completamente pigmentadas de cor negra, incluindo a borda da terceira glândula; nos exemplares caille, quando o olho não for envolvido por uma superfície de pêlo tigrado ou fulvo, poderá faltar pigmentação ao redor do olho e somente após junho de 2008 a pigmentação da pálpebra nos exemplares caille não deverá mais ser considerada um defeito, como era considerado anteriormente.

d) expressão alerta , assim caracterizada pelo olho do Bulldogue Francês é o resultado de todas as características mencionadas no padrão.

 

LINHA SUPERIOR DO CORPO

Definição - o perfil superior do corpo do Bulldogue Francês é uma linha que vai da base do crânio até a cauda. Esta linha é dividida em 3 partes: inserção, a linha do dorso e a cauda, seguindo logicamente a forma da coluna vertebral em seu movimento..

Linha superior - linha superior de um corpo ereto

                                     

Pescoço - as vértebras cervicais são o sustento anatômico do pescoço. Ele é curto e ligeiramente arqueado (curvado), esta curva depende da conformação das vértebras cervicais e principalmente da articulação da primeira vértebra cervical com a base do crânio.

Linha dorsal -  - do dorso, do lombo e da garupa. É fundamental diferenciarmos entre a linha dorsal e o dorso, pois no Bulldogue quando se diz que o dorso é retilíneo, imagina-se que a linha dorsal é retilínea.

a) a cernelha - anatomicamente corresponde às primeiras 4a e 5a vértebras torácicas no nível da inserção da escápula. O desenho da cernelha é a continuação da curvatura do pescoço, seguindo a borda superior da escápula, para terminar no inicio do dorso com a depressão dorsal.

b) o dorso - anatomicamente corresponde às 8a e 9a vértebras torácicas sucessivas. Se inicia na depressão dorsal, o ponto mais baixo do perfil superior do corpo, depois sobe levemente até a última das costelas.

c) o lombo - as 7 vértebras lombares são o suporte anatômico do lombo. Ele deve ser curto e subir uniformemente até o início da bacia na junção com o osso ilíaco. Por isso o lombo é mais alto na sua parte final. Está é uma característica solicitada no Bulldogue.

d) a garupa - anatomicamente corresponde às 3 vértebras do osso sacro, a parte dorsal da bacia é obrigatoriamente oblíqua até quando a inserção da cauda for baixa.

Conclusão - a linha dorsal é característica dos exemplares ultra brevilíneos. O ponto mais baixo é a depressão dorsal e o ponto mais alto é o osso ilíaco. O lombo que sai da frente para trás e a garupa descendente oblíqua dão a esta curvatura o nome de roach-back (dorso di rutilo o gardon – tipo de peixe) ou de karpfenruecken (dorso carpeado).

Cauda - no Bulldogue o número das vértebras coccígeas é pequeno. Estas vértebras unidas entre si dão rigidez à cauda. É inserida baixa na garupa, rente às nádegas, grossa na base, em espiral ou quebrada naturalmente e afilada na ponta. Mesmo em movimento deve ser portada abaixo da horizontal.

 

DEFEITOS DA LINHA SUPERIOR DO CORPO

Defeitos do pesçoco:

a) pescoço muito comprido é um defeito que se encontra nos cães muito longilíneos, onde as vértebras cervicais (como os outros ossos) são muito compridas.

b) pescoço em S ou pescoço de cisne é resultante de uma articulação errônea entre o crânio e a nuca, onde a nuca tem uma inserção muito retraída.

                            


Defeitos da linha dorsal:

a) o dorso selado é resultado da inserção do ombro a um tórax defeituoso, o ombro é projetado para frente, deixando um vazio a nível das primeiras vértebras torácicas. As costelas são plenas / retas e a linha dorsal fica retilínea, fazendo com que a bacia se mova pra frente. A garupa não está mais oblíqua e a inserção da cauda fica muito alta.

                            
b) o dorso retilíneo é resultado de um defeito do arredondamento das costelas e do posicionamento retilíneo da bacia. O corpo parece cilíndrico e portanto a inserção da cauda é muito alta.

                            


c) o dorso inclinado é resultado tanto de um posicionamento muito alto da bacia, com os membros posteriores muito grandes, quanto de um lombo muito curto e não pesado, geralmente ocasionados por uma anomalia das vértebras lombares.

                            


d) o dorso de camelo é um defeito muito grave pois é resultado de uma deformação das vértebras lombares que leva a uma convexidade muito acentuada da coluna vertebral. A garupa, ao contrário, é bem oblíqua (inclinada) e a inserção da cauda é baixa; o aspecto geral nos faz lembrar uma corcova (bossa) de camelo.

                            

                            

                            


Defeitos de posicionamento da cauda: são sempre resultados de uma inserção errônea da cauda, cuja linha de direção / orientação é obtida pelo posicionamento dos ossos sacrais na bacia.

Conclusão - Uma linha dorsal muito curta é resultada de uma compressão e das formas anômalas das vértebras, muitas vezes acompanhadas de uma cauda vestigial ou embrionária, e leva a um movimento pouco potente e duro, enquanto que uma linha dorsal que apresenta o lombo longo, resultado de um alongamento das vértebras lombares, leva a um movimento instável do posterior.

O lombo representa uma ponte entre o anterior e o posterior e deve ser sólido, curto e flexível; a expressão roach-back indica a característica essencial do perfil do Bulldogue Francês e nos dá todos os parâmetros para um julgamento correto e sobre tudo é a certeza de uma boa anatomia óssea e de uma correta robustez muscular.

 

MEMBROS ANTERIORES

Definição - Os membros anteriores são curtos, robustos, retos, musculosos e bem distantes um do outro. A pata tem um tamanho moderado, compacta e redonda. Os dedos das patas são compactos e bem inseridos, as almofadas plantares são grossas e curtas, as unhas curtas.

O Bulldogue Francês deve possuir uma boa largura frontal. O espaço (vazio) criado entre os membros anteriores, o peito e o solo deve formar um quadrado. Para se conseguir esta proporção, os membros anteriores devem estar posicionados com suficiente largura, bem construídos, de comprimento e musculatura suficiente, com boa conformação dos ombros e dos cotovelos. Os metacarpos são retos e as patas são ligeiramente voltadas para fora.

                            

 

Defeitos dos membros anteriores - Se a largura é resultado de um má posicionamento dos cotovelos, muito deslocado para fora, o movimento será errôneo. Tudo isso, juntamente com metacarpos fracos e a um posicionamento errôneo das patas que estão voltadas para fora, gera aquilo que chamamos de um perfil em forma de violino.

Um perfil anterior muito estreito não está coerente com as proporções ideais do Bulldogue Francês e não permite que se obtenha uma amplitude (largura) desejável do peito.

Um cão compacto, musculoso de estrutura óssea potente como o Bulldogue Francês deve ter as patas sólidas, compactas e grossas para poder suportar o peso. A pata é de tamanho médio, bem posicionada sobre as almofadas plantares. Metacarpos fracos e dedos das patas abertos são ambos indesejáveis e tiram a energia desejada.

                            

 

MEMBROS POSTERIORES

Definição - Os membros posteriores são fortes, musculosos, mais longos em relação aos membros anteriores de modo a deixar mais alto a região lombar em relação ao ombro (trem posterior elevado). Os jarretes são bem descidos. As patas são de tamanho médio, compactas e bem posicionadas. Os dedos das patas são compactos e bem inseridos, as almofadas plantares são grossas e curtas, as unhas curtas. As patas posteriores são ligeiramente mais longas que as patas dianteiras.

Membros posteriores musculosos e fortes são necessários para dar ao cão o impulso necessário para uma boa movimentação. Esta movimentação é um aspecto da conformação que é pouco considerado no Bulldogue Francês, importante porém, para dar a impressão de um cão ativo e harmônico como deve ser. Um Bulldogue Francês deve possuir uma estrutura enérgica como um todo. As pernas, vistas por trás, descem retas da anca até o solo com o joelho e a pata ligeiramente voltada para fora. Vista de lado, deve possuir uma angulação moderada. Um cão com tal construção é correto e se movimenta de maneira desejada.

                           


Defeitos dos membros posteriores - Certamente o defeito mais comum dos membros posteriores do Bulldogue Francês é o joelho muito reto. Os jarretes neste caso, são geralmente, fracos ou próximos, e voltados para dentro, obtendo-se desta forma uma movimentação posterior rígida (dura). Cães com as patas posteriores voltadas para dentro, geralmente, tem uma movimentação onde as patas se cruzam.

                            

 

AS PATAS

Definição - Redonda, pequena, chamada de “pé de gato”, bem pousadas no solo, ligeiramente voltadas para fora. Nos tigrados as unhas devem ser pretas. Nos caille a preferência será pelas unhas escuras, sem entretanto, penalizar as unhas claras.

Um cão compacto, musculoso de estrutura óssea potente como o Bulldogue Francês deve ter as patas sólidas, compactas e grossas para poder suportar o peso. A pata é de tamanho médio, bem posicionada sobre as almofadas plantares. Metacarpos fracos e dedos das patas abertos são ambos indesejáveis e tiram a energia desejada.

 

                            

 

A CAUDA

A cauda, apêndice caudal, é o ultimo segmento da coluna vertebral. A base osteológica da cauda é formada pelas vértebras coccígeas ou caudais; no Bulldogue Francês é caracterizada por um número reduzido das vértebras e pela junção ou anquilose, é constituída pelas vértebras, músculos e tendões; possui um fator hereditário e se transmite como um fator não completamente dominante.

1) Sinais da anatomia de um cão do tipo mesoformo - As vértebras caudais tem a forma de um cilindro achatado no deslocamento. A cauda de um cão de tipo mesomorfo possui aproximadamente 20 vértebras, número este que varia conforme a raça.

                             

2) Anatomia da cauda do Buldogue Francês - Como seria possível que partindo de uma cauda normal, chegássemos a uma morfologia de cauda assim tão particular ? Existem 3 fatores concominantes:

a) fator número: o número das vértebras caudais é nitidamente inferior à média de outras raças, cerca de 7 a 8. Este fenômeno conhecido como brachiura (cauda curta) pode chegar ao anurismo, que é a ausência total da cauda, muitas vezes acompanhadas de má formação dos órgãos pélvicos.

b) fator atrofia: poucas são as vértebras bem cilíndricas, pelo contrário, apresentam deformações tanto das linhas verticais quanto das horizontais, seja transversalmente ou longitudinalme nte, de forma retangular, trapezoidal, triangular e consequentemente a cauda torta.

c) fator anquilose: as vértebras se juntam / soldam entre sí e deixando a cauda rígida. Esta rigidez pode ser constatada pelo toque, muitos vezes doloroso. Uma articulação flexível pode existir entre o cóccix e a primeira vértebra caudal, deixando que a cauda não fique sempre dura.                    

                            


O padrão da cauda - Curta, de inserção baixa na garupa, rente às nádegas, grossa na raiz, em espiral ou quebrada naturalmente e afilada na ponta. Mesmo em movimento, deve ser portada abaixo da horizontal. A cauda relativamente longa (sem ultrapassar a ponta do jarrete), quebrada e afilada, é admitida, mas não desejada.

Segundo o padrão quatro são os parâmetros desejados.

1) comprimento: os limites extremos são o anurismo (ausência total das vértebras caudais) e a cauda que ultrapassa o jarrete.

                            


a) cauda vestigial: é uma cauda limitada a 2 ou 3 vértebras curvadas sobre o tecido da garupa, a cauda não aparece e nota-se somente um tufo de pêlos ou uma fissura cutânea que sempre trás problema higiênicos.

                            


b) cauda muito curta ou embrionária: nota-se uma cauda muito curta, muitas vezes em forma de botão.

                            


c) cauda curta padrão: é a cauda ideal, para os amantes da raça o comprimento perfeito é aquele que permite cobrir o ânus.

                            


d) cauda comprida ou cauda de rato: o seu comprimento não ultrapassa o jarrete, é a cauda original do Bulldogue do final do séc. XIX e início do séc. XX.

                            


Nos filhotes sempre se nota que a cauda parece ser maior em relação ao corpo e aos membros do que nos adultos; isso é devido a um crescimento não homogêneo da ossatura da cauda e do esqueleto em geral.

2) inserção: as vértebras caudais são a continuação do cóccix; esta parte da região da garupa é inclinada e forma a parte final do roach-back. Se a inclinação estiver correta, a inserção será baixa, enquanto que se a inclinação estiver fraca, a inserção será alta e errônea.

                            

                            


3) forma: a cauda curta padrão é larga na base e se afina progressivamente pelas vértebras sempre menores e atrofiadas; não é retilínea, e sim em espiral ou quebrada no sentido horizontal ou vertical. Pode estar em especial em todos os sentidos.
    
                            
4) porte: parado, assim como em movimento, deve estar grudada aos glúteos.

                            


Existe um falso defeito que resulta de uma torção das vértebras no sentido vertical a partir do centro da cauda, contudo a base da cauda permanece grudada.    

                            


A cauda é dita desgrugada quando parado ou somente em movimento não estiver grudada aos glúteos e é resultado da falta de junção entre o coccígeas e a primeira vértebra caudal.

                            


Quando a cauda estiver desgrudada mas permanecer abaixo da horizontal, o defeito é de se considerar pequeno, mas quando ultrapassar a horizontal, “porte alegre”, será considerado mais grave.

                            


Um filhoite de 3 ou 4 meses com o porte de de cauda desgrudada poderá ter quanto adulto uma cauda perfeitamente grudada, sempre devido ao crescimento não homogêneo entre cauda e corpo.

 

DEFEITOS DA CAUDA

No padrão são mencionados 3 tipos de defeitos:

1) Defeitos para se penalizar segundo a gravidade:

a) cauda elevada sobre a horizontal
b) cauda muito longa
c) cauda muito curta

2) Defeitos graves não são mencionados (por isso seria interessante rever o conceito de defeito grave, pois a cauda vestigial e a cauda embrionária estão muito presente atualmente; uma boa cauda que esconde o ânus raramente é vista. Se aconselharia cruzamento de exemplares com caudas suficientemente desenvolvidas pois o gene da brachiuria é dominante, ou seja, de dois exemplares com cauda muito curta deverão nascer mais filhotes com cauda muito curta do que filhotes com cauda curta.

3) Defeitos eliminatórios

a) anurismo
b) cauda mutilada

nota: Por estar percebendo uma continua redução da cauda, o Clube Francês está estudando o assunto.

 

O MOVIMENTO

O movimento correto vê tanto os membros anteriores quanto os posteriores moverem-se paralelamente ao plano médio do corpo. A movimentação é fluida, solta e vigorosa.

Como o Bulldogue Francês possui a parte anterior do corpo mais larga em relação a parte posterior, as patas traseiras devem permanecer dentro do espaço ocupado pelas patas dianteiras. A movimentação deverá ser a mais graciosa e potente possível.

 

    

 

COR DA PELAGEM

As cores da pelagem do Buldogue Francês são quatro:

- pelagem fulvo (com ou sem máscara negra)
- pelagem fulvo tigrado (com listras pretas)
- pelagem fulvo com branco (ou pelagem branca com manchas fulvas)
- pelagem fulvo tigrado com branco (ou pelagem branca com tigrados, conhecido como Caille)

Pelagem fulvo - São aceitas todas as nuânces (tonalidades) do fulvo, da cor trigo ao laranja. Os exemplares podem não possuir máscara negra, entretanto as mucosas devem ser sempre pretas (trufa e lábios). O gene Em, que é o responsável pela máscara, possui a eumelanina (pigmento preto) na face e sobre a linha superior até a cauda de modo menos evidente, que é definido como "carbonatura". Muitas vezes não se vê a carbonatura do pelo curto no Bulldogue Francês. O excesso da carbonatura não é desejado.

    

                                      



Pelagem fulvo tigrado - O gene Ebr, que é o responsável pela tigrado preto (em Francês “bringeures”) regula a distribuição da eumelanina na tigratura da pelagem. Todas as nuânces (tonalidades) são aceitáveis, da pelagem fulva com pouca tigratura preta até a pelagem que parece todo preto, que geneticamente falando não é. Neste último caso, a tigratura preta tomam conta de toda a pelagem fulva, deixando a mostra somente alguns pêlos fulvos. A pelagem mais desejada é quando as cores fulvo e preta estão uniformemente distribuídas (fulvo metade tigrado de preto). Algumas pelagens tigradas podem apresentar uma mancha branca no peito, na ponta dos pés ou entre os olhos (uma linha sutil), que é proveniente da presença do gene da mancha branca. Unhas brancas em um indivíduo tigrado são o indicio da presença de tais genes.

 




Pelagem fulvo e pelagem fulvo tigrado com branco - Para que estas pelagens possam se manifestar, os exemplares devem ser portadores homozigotos do gene da mancha branca. Estes genes SP ou Sw retiram o pigmento do pêlo em várias áreas da pelagem. O branco não é uma cor propriamente dita, mas a falta de pigmentação do pêlo. Apesar da grande variedade possível, a pelagem mais desejável é aquela totalmente branca com algumas manchas tigradas ou fulvas.

 

 

AS CORES E A GENÉTICA

Um reprodutor tendo um dos pais com uma pelagem de mancha branca será obrigatoriamente portador do gene da mancha branca e terá provavelmente a possibilidade de gerar descendentes de pelagem caille (branco com manchas tigradas ou fulvas).

Cruzamento de dois exemplares fulvos.
Somente duas cores possíveis:

- fulvo
- fulvo e branco, somente se os dois forem portadores do gene da mancha branca




Cruzamento de dois exemplares "fulvos e brancos".
Somente uma pelagem possível: fulvo e branco




Cruzamento de um exemplar fulvo com um exemplar "fulvo e branco".
Somente duas cores possíveis:

- fulvo
- fulvo e branco (brancos com manchas fulvas), somente se os dois forem portadores do gene da mancha branca




Cruzamento dde um exemplar "fulvo tigrado e branco" com um exemplar "fulvo e branco".
Somente duas cores possíveis:

- fulvo tigrado e branco (branco e tigrado)
- fulvo e branco (branco e fulvo), somente se o genitor fulvo tigrado for portador do gene de cor fulva




Cruzamento de dois exemplares "fulvo tigrado e branco".
Somente duas cores possíveis:

- fulvo tigrado e branco (branco e tigrado)
- fulvo e branco (branco e fulvo), somente se os dois genitores com manchas tigradas forem portadores do gene de pelagem fulvo




Cruzamento de um exemplar “fulvo tigrado e branco” com um exemplar “fulvo e branco”.
Cruzamento de um exemplar fulvo tigrado com outros exemplares de mesma cor ou de cores diferentes.
Se um dos exemplares for fulvo tigrado homozigoto e não possui nem o gene da cor fulva nem aquele da mancha branca, toda a prole será “fulvo tigrado”.
Em todos os outros casos, as cores dos filhotes dependerão do genótipo dos dois genitores, ou seja, se pussuem ou não o gene responsável pela cor fulva, ou um dos genes responsáveis pela mancha branca, ou ambos. Se os dois genitores forem portadores dos genes da cor fulva e da mancha branca então poderão produzir todas as cores da pelagem do Bulldogue Francês.